Por mais simples que sejam as dúvidas, não serão tão rápidas as respostas. Aquela sociedade em rede tão bem explicada por Manuel Castells me faz pensar todos os dias em que ponto da história o ser humano se desconectou de si mesmo. Tudo mudou desde a efetivação das digitalizações, das redes sociais, dos websites, dos dispositivos móveis. Saber a senha do wifi se tornou mais importante que o nome da música que se toca ali por perto. Já quase ninguém mais presta atenção ao artista, mas faz questão de postar fotos daquele instante.
A internet, que surgiu como uma promessa de liberdade e para democratizar o conhecimento, transformou-se em profissão sem formação, repositório de conteúdos vazios e exposição total de tudo e de todos. É certo que a rede mundial de computadores nos entrega de bandeja todo o conhecimento necessário e tudo o que nos pode faltar, mas ela constrói cercas que nos libertam, campos livres que nos prendem às dúvidas e as respostas rápidas.
A verdade e a manipulação trafegam em todos os espaços sociais, políticos, esportivos. Consumimos o que o olho vê, entendemos o que convém, compreendemos o quase nada. Temos hoje todas as possibilidades literalmente ao alcance dos dedos. Somos verdadeiros reféns de um recurso que ao mesmo tempo que nos escraviza, nos liberta. Virtualmente presentes em qualquer lugar, mas trancados em nosso próprio mundo. Eu não sei ao certo em que momento perdemos o rumo.
Entretanto, as redes criaram novas formas de conexão para o empreendedor, aumentando a competitividade, construindo pontes e conectando as ideias. As empresas passaram a ter funcionários em todo o mundo, em uma mão de obra regida pela oferta e demanda, onde normalmente é o menor preço que faz a gestão da escolha. O vínculo passou a ser orientado pela tarefa executada e pelo pagamento efetuado. Não há mais pessoas, e sim números IP.
Ps: Recebemos hoje, na aula de Redes Para o Empreendedorismo e Cidadania Global, a visita de Socorro Mendonça, empreendedora social da cidade de Ilhéus, na Bahia e fundadora do Instituto Nossa Ilhéus. Sol, como nos disse para tratá-la, nos deu uma aula de cidadania e luta. Nos mostrou a força da mulher empreendedora e quão importante é formar redes empreendedoras com todos os atores possíveis, alcançáveis e até mesmo aqueles que parecem inalcançáveis. O que ficou foi a certeza de que, conectados ou não, distantes ou não de nós mesmos, podemos requerer a construção de uma sociedade digna e acabar com a “ignorância cidadã”.