Enquanto deslizamos nossos olhares por telas sensíveis ao toque, sequer percebemos a batalha entre o real e o virtual. Estamos dentro dela, presentes, seja da forma que for. O que importa é a presença que nos toca ou nos transforma. Talvez seja como receber um postal dos correios. Aquela imagem tão virtual pra nós e tão real pra quem nos enviou. Era como atravessar a imagem, fechar os olhos e acordar em outro ambiente.
Há uma obsessão corrente com o uso das tecnologias na educação que mais me parece ser um espelho de uma sociedade hiperconectada. Ferramentas e ambientes que só são úteis nas mãos de quem sabe usá-las com algum propósito. O brilho da tecnologia pode nos cegar e acabar ofuscando as conexões que nenhum algoritmo consegue simular, as trocas humanas. Pelo menos até agora…
Às vezes imagino a educação como uma dança e a tecnologia é essa música de fundo que até pode atrapalhar o compasso. Professores e alunos colaboram com o ritmo, onde cada sala é plural, mas cada aluno é singular. E é nessa dança que se aprende a ler cada ambiente, perceber cada silêncio e compreender o que não foi dito.
Os postais de correio que não recebemos mais transformaram-se em mensagens instantâneas, compartilhadas e compartilhadas, em busca de um porto qualquer para ser guardada e relembrada. As salas de aula cresceram e criaram uma presença diferente. Aqui estamos, habitando um espaço e completamente conectados. Entretanto, habitar vai muito mais além de ocupar. É algo que une o participar e o envolver, mesmo que o toque seja apenas em um teclado físico, ou em uma tela colorida.
O importante é o significado de tudo isto. Mais importante que a fotografia, é a mensagem que chega, escrita no verso do postal dos correios.
“Espero que não demorem a mandar, Novidade na volta do correio”
Postal dos Correios, Rio Grande