São esses encontros que nos fazem sair do modo automático. Aquelas sessões síncronas em que ouvimos opiniões de colegas, de professores e nos fazem pensar o empreendedorismo na visão educacional, onde tudo é muito mais do que abrir empresas, fazer planilhas financeiras ou pensar um novo negócio. Tudo perpassa pela ação de repensar a forma de enxergar o mundo e como se pode contribuir para melhorá-lo.
O pensar é o momento de criar, de imaginar e de planejar. E isso aponta para tudo, desde um simples “O que você vai ser quando crescer?” até um “Bom dia, você já foi atendido?”. O agir é justamente o motor que vai impulsionar a ideia, é aquele passo em busca do desconhecido, de colocar o plano à prova.
Lembrei-me de 2019, quando cheguei ao Sebrae em Sergipe. Minha ideia sobre empreendedorismo limitava-se a entender que aquilo era quase uma alternativa à crise. “Abri um negócio porque o emprego acabou!” era a narrativa que eu imaginava. Aí então eu vi que o Sebrae atendia desde o pipoqueiro, passando pelas startups até a inseminação de vaca. Uma amplitude quase que inimaginável.
Só assim passei a perceber que o empreendedorismo vai muito além disso, é projeto de vida. O empreendedorismo está implícito na capacidade que temos de sonhar grande, mas com os pés totalmente firmes no chão. Algo como saber equilibrar o emocional com o racional, o material com o espiritual.
Mas, é tão interessante notar como o egoísmo é muitas vezes o ponto de partida. Tudo começa com o “vencer na vida”, no “preciso ganhar dinheiro”. E é mesmo assim! Afinal precisamos dessa mola mestra para viver. Entretanto, o que vamos aprendendo é que à medida que amadurecemos, vamos percebendo o poder do altruísmo. De quanto necessário é compartilhar o que aprendemos e isso, talvez seja o maior triunfo do empreendedor. Tudo caminha lado a lado com um processo que exige sair da zona de conforto, abrir mão do “parecer” e focar no “ser”.
Já ouvi tantas vezes o “Pensar fora da caixa” até mais do que “O Brasil é o país do futuro”, que por vezes duvido do que acredito. Será que tudo isso é sobre saber ver as coisas como elas são, sem romantismo ou expectativas irreais? Talvez seja por isso que “fazer acontecer” seja bem mais do que um clichê — o “Saber fazer” é uma competência essencial.
É preciso ter mais autenticidade, autonomia e coragem de dar voz às nossas ideias e aos talentos que nos rodeiam. Chame para junto de si aqueles que se destacam. Reúna-se com os melhores e melhor você será. Assim, as pequenas mudanças acumuladas, tornam-se um passo de cada vez, e vão gerar um progresso sustentável. Mas, será que queremos transformar o mundo de uma só vez, ignorando o poder das pequenas vitórias diárias?
O professor Jacinto Jardim nos disse uma vez “A resiliência é o ferro que segura a ponte”. Que possamos, então, construir pontes duradouras, mas com uma ideia de cada vez.
PS: Um abraço fraterno aos colegas Liliana Seixas, André Quintão, Nuno Gião, Mauro Nunes, Alexandra Lemos e Bruno Machado, além do Professor Jacinto, que me deram a ideia desse texto.